E não podiamos ter começado melhor, com o texto que ficou muito bonito, graças ao Pedro que aceitou o convite para inaugurar estas conversas.
Foi a minha querida Sofia Correia que me juntou ao grupo "Songs That Inpire Me & Friends" onde todos os dias rolam músicas daquelas que fazem bem à alma. É um grupo de partilha musical e muito mais - para saberem têm de ler a entrevista! - e o mentor é o Pedro:
"Pedro.
Porto.
Apaixonado por palavras, fotografia, surf e comunicação.
Fascinado por pessoas, emoções e música.
Designer gráfico de profissão e blogger nas páginas "Songs ThatInspire Me" e "Wild But Always Gentleman""
A entrevista fala-nos daquilo que nos faz humanos: das coisas boas e das más, das ausências, das dificuldades, dos desafios superados que nos permitem crescer como pessoas e de como, na verdade, partilhamos todos um bocadinho das mesmas vivências, tal como na canção: "muito mais é o que nos une, do aquilo que nos separa".
Pedro, conta-nos um bocadinho sobre ti...
É engraçado como toda a gente se
inibe em falar sobre si mesmo, como se o pressuposto da auto enumeração dos nossos defeitos e qualidades fosse uma arrogância, e não apenas o que devia ser,
um fenómeno fabuloso de autoconhecimento.
Acabei de fazer 30 anos, idade que
sempre me meteu imenso medo.. sei la, sempre tive medo de chegar aos 30 com
sonhos por realizar, com objectivos por cumprir. E isso sempre me assustou.. Acho
que tinha um medo enorme de morrer sem realizar tudo o que tenho em mente. Tudo
isso passou-se há 2 anos atrás quando me descobriram um aneurisma, e quando
tive consciência que tinha uma “bomba-relógio” dentro de mim. Fui operado, uma
cirurgia de horas com a cabeça aberta .. felizmente correu tudo bem e fiquei
apenas com uma cicatriz de estimação que está completamente disfarçada. Isso
fez com que deixasse de ter esses medos, que não passavam de medos parvos..
Caramba, quem passa por situações destas, ou quem passa pelo cancro e no fim
sai vencedor, deixa de ter qualquer tipo de medo … Chegares aos 30, 40, 50, 60
só é motivo para agradecer. Os sonhos acabam por se concretizar, quando tiver
que ser, porque, acredita, a vida sabe mesmo o que faz.
Quanto ao resto (e não menos importante),
tenho uma família que adoro, tenho uma pessoa no meu coração que partiu há 3
meses mas que continua aqui imponente e que me faz uma falta dos diabos, porque
a amo mais que tudo nesta vida.
Tenho um bulldog inglês lindo de feio,
que se chama Bart e que vive comigo.
Sou designer gráfico, licenciado em
marketing, aturo clientes muito muito chatos, que a maior parte das vezes nem
sabem o que estão a dizer e com quem tens que ter uma paciência de santo e
fazer aquela “cara-de-paisagem” para não perder a postura. Apesar disso,
levanto-me todos os dias para trabalhar com vontade, pois adoro o que faço e
sou um felizardo por sentir na pele a velha máxima: “se gostares do teu
trabalho, não vais ter que trabalhar um único dia da tua vida”. Sou uma pessoa
muito exigente comigo próprio e por consequência também o sou com os que me
rodeiam, --- talvez demasiado -, e isso faz com que muitas vezes erre em exigir
dos outros aquilo que acho certo, esquecendo-me que nem toda a gente tem a
mesma mentalidade.
Sou metódico, perfeccionista e um romântico incurável… às vezes
parece que fui tirado de um filme do século XIX. Adoro cozinhar. O meu forte é a cozinha
italiana .. cheguei até a tirar um curso e passo a vida a ouvir a minha mãe
“por ti comias massa todos os dias”.
Na verdade, gosto mesmo muito de
cozinhar, mas quando o faço, faço com tanta dedicação, com tanto pormenor, que
é difícil conseguir fazer isso no dia-a-dia, então deixo essas coisas para a
6ªfeira e para o sábado, nos outros dias faço coisas mais práticas.
Tenho defeitos como toda a gente, e um
deles é a casmurrice (sou “cabeça dura”), - quando acho que tenho razão, venha
o vento que vier, nada me faz mudar de ideias. Depois a maré lá acalma, e acabo
por dar o braço a torcer. - Não gosto de deixar coisas por resolver, por
esclarecer, acho que tudo tem solução e com tantos problemas que o Mundo já
tem, afastarmo-nos de pessoas por merd@s que seriam perfeitamente resolúveis
com uma conversa é uma estupidez. Por isso tenho vindo a melhorar isso quando
vejo que há reciprocidade dos dois lados.
Outro grande defeito que tenho é o
afastar as pessoas quando mais preciso delas. Tenho uma grande tendência em
gerir o meu sofrimento sozinho, pois acho sempre que ninguém tem que aturar os
meus problemas. Hoje em dia os meus amigos já me conhecem e lá dizem “para de
me despachar..” e eu lá cedo, deixo cair o fato de “zorro” e demonstro o meu
lado mais vulnerável .. e hoje sei que isso é que é a verdadeira amizade, pois
quem não se importa contigo está-se a marimbar para o teu estado .. chamo a
isso amizade superficial, amizade essa que hoje em dia deixei de coleccionar.
Deixando agora os defeitos de lado … vamos
passar á pessoa responsável por tudo o que sou hoje.
Fui criado pela minha mãe, pela minha supermãe,
pela mulher da minha vida e que foi responsável por me ensinar que é preciso
muita maturidade para amar uma mulher. E quando falo desse amor, falo do amor
entre uma mãe e um filho (e vice versa), é um amor que não se apressa, que não
se pede, nem se reclama, mas que cresce na relatividade das coisas, que leva
rugas, amarguras e sorrisos.
Sinceramente acho que ainda estamos
ligados pelo cordão umbilical. Não imagino sequer a minha vida sem ela, e penso
tantas vezes no dia em que, inevitavelmente, a vou perder .. isso sim, assusta!
Normalmente o amor de um filho é sempre
distribuído por um pai e por uma mãe.
Eu como nunca soube o que era ter um
pai, direccionei esse amor todo para a minha a mãe. E acho que, faça o que
fizer, nunca vou conseguir retribuir tudo o que fez por mim.
Claro que isso de nunca ter tido um pai,
desde os meus 4 anos, me deixou marcas profundas .. marcas que me tornaram numa
pessoa insegura, que vive sempre com a corda ao pescoço, com medo, que as
pessoas que amo, também me abandonem, assim..
É duro crescer sem o apoio de um pai, e
crescer a sentir que não podia exigir mais da minha mãe, que sempre foi uma workaholic , super lutadora, para termos
a vida que temos hoje..
Mas, cresceres sem aquela história ao
deitar, ou com os lugares da festa da escola vazios, é duro.. e deixa marcas
profundas em qualquer ser humano e principalmente em qualquer criança, que não
tem maturidade suficiente para entender.
Felizmente, a minha mãe deu a volta por
cima, e conseguiu reorganizar a vida dela, voltou a casar e teve mais 3 filhos.
Rita, isto é quase uma biografia .. Ups, acho que já chega.. Passemos à próxima pergunta..
És criador de vários projectos: qual foi o primeiro e como te surgiu a ideia?
O primeiro projecto foi mesmo a “Songs That Inspire Me”, que surgiu de uma
forte necessidade de inspirar através da música. Chegas a um momento na tua
vida, que sentes que tens que exteriorizar a inspiração que sentes.. e foi isso
que aconteceu.
Não me movo pelos milhares de seguidores que acompanham a página porque
nunca foi o meu objectivo partilhar para impressionar, mas sim para expressar.
Em complemento à página, tenho o meu Tumblr, aquilo que chamo de diário
gráfico, meto lá tudo o que me vai na cabeça.. Bom, ou menos bom.
Podem visitar aqui: www.songsthatinspireme.tumblr.com
Por último criei o projecto “Wild But Always Gentleman”, que consiste numa página que tem vindo a crescer e também um blog que já conta com algumas entrevistas. Todos os gentleman têm o seu lado selvagem, aquele lado de “picardia” sem perder a classe, e é isso que pretendo transmitir. Infelizmente, não tenho o tempo que queria para me dedicar a este projecto.
Por último criei o projecto “Wild But Always Gentleman”, que consiste numa página que tem vindo a crescer e também um blog que já conta com algumas entrevistas. Todos os gentleman têm o seu lado selvagem, aquele lado de “picardia” sem perder a classe, e é isso que pretendo transmitir. Infelizmente, não tenho o tempo que queria para me dedicar a este projecto.
O grupo “Songs That
Inspire Me & Friends” é um cantinho de partilha fantástica de boa musica e
boas inspirações. Como te sentes ao ver
que um grupo de pessoas tão diferentes, de geografias tão distantes, se únem
em torno daquilo que é mais universal no Mundo: a música?
O grupo é diferente de todos os outros. Destaca-se
essencialmente pela proximidade que temos entre todos nós, independentemente da
distância geográfica que nos separa um dos outros. Somos pilares, somos braços
que seguram, somos riso nos dias difíceis, sem serem necessárias grandes
coisas. Somos a inspiração que cresce dentro de nós e se afirma!
Sabes, já tive duas situações muito críticas na minha vida e nesses dois
momentos senti um apoio incrível por parte dos meus Stimeiros… e isso fez-me
ver que tinha ali amigos para a vida, porque passo a vida a dizer que quem está
comigo nos maus momentos, está comigo para sempre.
O Porto. A cidade
mais bonita de Portugal (vá, uma das duas mais bonitas, que não posso descurar
a minha cidade berço, Guimarães!). Se tivesses de recomendar um sitio para
comer, um sitio para relaxar, um sitio para contemplar, desta mui nobre cidade
Invicta, qual seria a tua selecção?
É verdade. Adoro a minha cidade por isso vou estabelecer um mini-roteiro
para ti, daquilo que acho, ser o dia perfeito.
Para almoçar, recomendo os restaurantes típicos na zona da Ribeira. O ideal
é parar o carro, mochila às costas e fazeres-te ao caminho. Vais passar por
inúmeros restaurantes deliciosos com vistas para o rio: o Tram e o Bocca, por
exemplo.
Depois (a caminho) não pode faltar um passeio pelo Farol das Felgueiras (o
meu special-spot) como já deu para
reparar através das inúmeras fotografias que partilho lá. Adoro ficar lá, só a
ouvir o som do mar, parece que entro noutro planeta.
Para jantar, Casa da Foz, restaurante pequeno (convém marcar) de Cozinha
Italiana, com umas massas e pizzas óptimas em forno de lenha, a especialidade
da sangria e para rematar o cheesecake. Sempre com a simpatia dos anfitriões:
Mª João e António Guimarães!
A seguir, recomendo irem até ao Hotel Dom Henrique, na baixa do Porto e subirem até ao 17º andar para beber um copo com umas vistas de cortar a respiração, ao som do Dj Ricardo Amorim. Está aberto até às 2:00, por isso quem for como eu, e não gostar de “noitadas”, é perfeito.
A seguir, recomendo irem até ao Hotel Dom Henrique, na baixa do Porto e subirem até ao 17º andar para beber um copo com umas vistas de cortar a respiração, ao som do Dj Ricardo Amorim. Está aberto até às 2:00, por isso quem for como eu, e não gostar de “noitadas”, é perfeito.
Futuro: todos os dias são um incrível ato de fé, porque avançamos, confiantes, sem fazer a menor ideia do que nos pode esperar. Estamos a começar 2017, o que tens na tua “bucket list”?
Olha, sinceramente, não sei .. Hoje em dia não faço planos .. Infelizmente tenho muito pouco tempo para me dedicar aos projectos em que me meto ..tenho este “bichinho” empreendedor que está sempre a querer criar coisas novas, mas estou sempre à procura de alguém, com o mesmo espírito, que me consiga dar uma ajuda.
As coisas vão acontecendo, de forma natural..o que tiver que
ser será.
Espero que seja sempre com muita inspiração!
Vou-te deixar uma mini-playlist exclusiva, dedicada a esta
entrevista e ao aniversário do teu blog.
E eu só posso dizer: obrigada Pedro! Pela honestidade que puseste nesta entrevista e por ainda nos teres dado Música :) não podia ter pedido mais.
#GoRitaGo
#InterGoView
#InterGoView
Eu não fazia ideia de quem era o Pedro mas comecei a ler esta entrevista e ficou presa. Eu também me isolo quando estou triste. Não é mesmo nada fácil deixar cair a "capa".....
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