Abril, mês de flores e do caminho rumo aos dias mais longos e mais claros!
E sabem o que Abril trouxe mais? O regresso às entrevistas: e desta vez fomos conhecer a Marta Sousa, das ilustrações bonitas - que nos abriu a porta da sua história e do seu trabalho.
Venham daí conhecer este cantinho de coisas boas, que traz também um miminho de mim para vocês, a propósito do segundo aniversario do blog!
1 - Olá Marta! Para quem ainda não te conhece, nem ao teu trabalho, fala-nos um bocadinho de ti e de como descobriste a tua paixão pela ilustração.
Olá! Cresci numa pequena freguesia de Vila Nova de Gaia, entre os campos férteis e as costuras das minhas avós. No liceu, fiz parte de uma turma de Arte que chegava mais cedo à escola, para experimentar novas técnicas e materiais. Na universidade, passei grande parte do tempo a desenhar as ruas do Porto. Licenciei-me em Arquitetura em 2003 e trabalhei num gabinete durante quase década.
Em 2008 fui mãe e a minha vida ficou mais doce.
Procurei um estilo de vida diferente, com dias mais criativos e diversificados. Em 2012 despedi-me e comecei a trabalhar a partir de casa, na bonita cidade de Espinho, em frente ao oceano Atlântico, onde vivo com uma cadela, a minha filha e o amor da minha vida.
Não vou dizer, porque não é verdade, que desenho desde pequenina mas posso afirmar que sempre fui muito criativa e sensível ao que me rodeia, muito devido à infância que tive, à relação com a natureza e atenção ao detalhe que os meus pais me transmitiram. Ilustrar é contar uma história através de uma imagem e, nesse sentido, a ilustração junta duas das minhas paixões, a escrita e o desenho. Estou cada vez mais certa que esse é o caminho que me interessa explorar.
2 - Sabemos todos que as profissões ligadas às artes são sempre profissões de "risco" que só com muito empenho e dedicação se conseguem transformar em trabalho de todos os dias. Quais foram as principais dificuldades que encontraste no teu percurso profissional? E como lhes deste a volta? :)
Há uns anos atrás, seguir Artes como percurso profissional estava muito relacionado com uma ideia mais clássica e redutora daquilo que realmente é.
Eu sempre acreditei que devemos escolher o percurso com que nos identificamos, só seremos bons profissionais se gostarmos, verdadeiramente, do que fazemos.
Relativamente à minha situação em concreto, demorei cerca de 3 anos desde que comecei a pensar em trabalhar a partir de casa, até apresentar a minha demissão. Durante esse tempo pesquisei, fiz contas à vida, contactei outras pessoas e frequentei formação em horário pós-laboral, até achar que era o momento de arriscar. Foi uma atitude muito ponderada, com uma alta dose de risco mas assumida e sempre encarada com muita vontade de arregaçar as mangas e trabalhar muito!
Nunca deixei de exercer arquitetura e aceitei trabalhos criativamente menos exigentes (falo de legalizações de obras, por exemplo) que financeiramente ajudavam a estabilizar o lado mais imprevisível da ilustração. Gostava muito de organizar o meu portfolio de obras de interiores que tenho feito e continuar a trabalhar também nessa área mas a minha vontade é de explorar, cada vez mais, o contar histórias através do desenho. É isso que, realmente, me deixa feliz. Sempre acreditei mais na "transpiração" do que na inspiração e acredito profundamente que a nossa dedicação e empenho acaba sempre por ser reconhecida.
3 - Sobre a ilustração: que materiais mais gostas de utilizar e quais os temas que mais te inspiram a ilustrar?
O meu trabalho é profundamente influenciado pela Natureza, as recordações da minha infância e as gargalhadas da minha filha.
Tive uma infância muito feliz, a grande maioria do tempo passado a brincar livremente, num pinhal perto de casa, com um grupo muito grande de crianças. Hoje em dia tento transmitir essa sensibilidade e respeito pela Natureza à minha filha. Acima de tudo a sensação de plenitude que encontro quando estou num cenário natural. Numa altura em que tudo acontece a uma velocidade estonteante, encontro o meu refúgio nos nossos passeios pela praia ou nas caminhadas na montanha. Tudo isso acaba por ser a base dos meus desenhos porque é verdadeiramente a minha essência.
Relativamente a materiais, adoro experimentar. Tenho uma série de ilustrações com base em fotografia, gosto muito do grafismo preto e branco mas estou a aprender serigrafia, a explorar a colagem (que adoro desde muito nova) e a fazer impressão em tecido. Sinto-me numa busca constante e sou sempre muito crítica em relação ao meu trabalho.
4 - Viver em Espinho, no Norte, e relativamente afastada dos grandes centros das "ditas" oportunidades: é uma vantagem ou desvantagem?
As vantagens são infinitas, vou falar de algumas enquanto penso na desvantagem.
Vivo em Espinho há quase 9 anos, até lá sempre vivi em Seixezelo, uma zona rural a 15 minutos de Espinho e a outros tantos da cidade do Porto (que amo de paixão). Nunca me senti afastada de nada, muito pelo contrário, adoro o lugar onde vivo e acho-me uma privilegiada. Temos mar, montanha e cidade grande a menos de meia hora de distância e para mim é importante essa variedade já que adoramos - como família - andar pelo exterior, fazer caminhadas e piqueniques. A Serra da Freita é o nosso refúgio preferido.
A cidade de Espinho tem muita qualidade de vida, tem tudo o que uma cidade pode oferecer em formato concentrado. Adoro poder deixar o carro na garagem e ir a pé comprar pão ou peixe, ir ao cinema, ao parque infantil, à piscina ou a um concerto na Academia de Música. Ao final da tarde, poder sair de casa e dar um passeio à beira mar, mesmo que por apenas 5 minutos, é o melhor remédio contra o stress e a agitação do dia a dia. Poder viver a praia nas 4 estações do ano é outro aspeto que valorizamos. E é sempre uma viagem agradável ir de comboio até ao Porto. Deve haver alguma desvantagem mas não a consigo identificar.
A noção de afastamento é uma perspetiva que quem habita nos grandes centros tem, e não o contrário, principalmente quando falamos num país com a dimensão do nosso.
5 - Continuando a falar de Espinho (que é uma cidade bem bonita e com uma praia que gosto muito), imagina o roteiro perfeito nesta tua cidade - o que nos recomendarias para Um Dia Em Espinho?
A sugestão varia muito de acordo com a estação do ano, sendo Agosto o mês que menos recomendo. Sugeria começar a manhã a dar um passeio nos passadiços sobre as dunas, para norte ou sul da cidade. O almoçar um peixe grelhado com salada de pimentos no Papagaio (relativamente cedo para evitar a fila que geralmente se forma). À tarde podem visitar o Museu Municipal e conhecer a importância da Arte Xávega nas tradições da cidade, lanchar no Perles de Chocolat e visitar o Planetário. Aconselho consultarem a agenda cultural porque o Cinanima, o Fest, o Festival de Marionetas ou o Festival Oito24 têm programas imperdíveis. Ao final do dia, passem na Alves Ribeiro, uma mercearia histórica lindíssima. Se ficarem para jantar e forem gulosos, atrevam-se a entrar na padaria Aipal da Rua 19, que abre às 21h30 com pão fresco e tabuleiros de bolos acabados de fazer, que podem levar para o pequeno almoço da manhã seguinte ou comer na hora, enquanto dão um passeio na marginal ao luar.
6 - E quem, tal como eu, ficar fã do teu trabalho: onde te pode encontrar e como podem procurar mais sobre o que fazes e sobre o teu negócio?
Através do meu site - www.martabsousa.com - conseguem acompanhar o que vou fazendo e ter acesso à loja online - martabsousa.tictail.com - e às redes sociais (@martabsousa). Pontualmente participo em alguns mercados. Podem também encontrar o meu trabalho à venda na loja Piu Piu, em Espinho, mas espero ter os meus trabalhos disponíveis em mais pontos de venda no país.
Obrigada Rita, pelo interesse no meu trabalho e parabéns pelo segundo aniversário do blogue! Muitas felicidades!
Obrigada a ti Marta, por esta entrevista tão honesta e tão bonita!
E para vocês, minhas pessoas catitas, temos uma surpresa: Promoção aniversário 15% em todos os produtos (exceto artigos em saldo), com o código GORITAGO
Passem no site da Marta e aproveitem!
#GoRitaGo
#InterGoView
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