Avançar para o conteúdo principal

Off & Go #10 - Era uma vez em Berlim



Hoje retomei a escrita sobre viagens e dei-me conta que tenho muitas histórias à espera de serem contadas que, por nenhuma razão aparente, estão assim a modos que "na gaveta".

Correr Mundo é talvez aquilo que me faz sentir mais viva e genuinamente feliz, como se estar noutros sítios me aproximasse mais da minha verdadeira essência e dos bocadinhos de mim que andam por aí fora, nas suas vidas de todos os dias.


Então porque deixei acumular tantas coisas boas sem as escrever e partilhar? Pois não sei. Acho que se calhar me foi faltando a inspiração e muitas vezes é no momento em que por lá ando que me dá vontade de pôr tudo no papel e depois... falta-me o pc.. e pronto, entre fotos e algumas referências ficam em falta dicas, recomendações e histórias catitas de vários passeios de 2018: desde Atenas à Cantabria, Madrid e Londres (repetidas inúmeras vezes sem nunca ser de mais).. e é com São Tomé ainda a respirar-me na pele que vou começar por Berlim. Pode ser? Então vamos lá a isto!



Falar de Berlim é falar de história, é falar de acontecimentos que nos moldaram a todos e que marcaram as vidas de gerações por toda a Europa. Berlim que foi Reino da Prússia, a seguir do Império Alemão, depois da República de Veimar, do Terceiro Reich e, terminado o pesadelo, uma cidade foi dividida: Berlim Oriental e Berlim Ocidental - repartida entre americanos e soviéticos. 

De tudo isto ainda há marcas bem visíveis na cidade: vemos a construção recente e moderna, os edifícios recuperados mas que ainda mostram as marcas de uma guerra aterradora, há o muro (tanto que se pode aprender quando se passa por aquele muro...) mas há também uma cidade cheia de charme e arte, pioneira em tecnologia e fã incondicional de desporto.



Berlim conquistou-me nas primeiras horas, tenho uma adoração por cidades onde há rio, e o Spree não deixa créditos por mãos alheias. Além disso, para que tenham uma ideia, um terço da cidade é composta por lagos e parques, o que é verdadeiramente incrível e molda imenso a forma de estar de quem lá vive: são pessoas que apreciam o tempo ao ar livre (não importa o frio que faça), que privilegiam os transportes públicos e as bicicletas, que leem o jornal ao almoço enquanto comem uma sopa, que acabam os dias com uma bela caneca de cerveja idealmente com vista para o rio. 

E mesmo tendo lá estando em Outubro, voltava já, já, já!

Por isso se vos apetecer dar um passeio, cá ficam as dicas de viagem e, se quiserem companhia, não se esqueçam de que a Ritita está por aqui para o que der e vier.


TRANSPORTES


- A ryanair voa para Berlim Schönefeld a partir do Porto e tem voos directos 4 dias por semana;

- Em Berlim compramos bilhetes diários que permitem usar todo o tipo de transportes públicos que estão dentro da esfera da empresa BVG (metro, autocarros, eram): custam cerca de 7€ por pessoa, por dia, para as zonas A e B: que são suficientes para circular dentro da cidade central.  Há outros locais fora da cidade que valem a pena visitar  (Potsdam, por exemplo) e nesses casos já teriam de comprar com a zona C;

- O transporte do aeroporto para o centro da cidade faz-se também de metro e/ou comboio, com bilhete que inclua a zona C;

- Se forem com mais pessoas, e desde que sejam no mínimo 3, já compensa comprar o bilhete para "pequenos grupos" e sempre poupam uns trocos :)


ONDE FICAR


- A oferta de alojamento em Berlim é infinita! A escolha vai depender de quanto queiram gastar e do que pesa mais na vossa decisão: localização? espaço? conforto? algum ou nenhum luxo :) 

- Há uma cadeia com vários Hosteis pela cidade: a Meininger. São modernos e simples, muito bem localizados - sempre perto de estações de metro - e funcionais para quem não tiver demasiadas exigências 



O QUE VISITAR


- Uma sugestão muito válida seria começar a visita com uma das seguintes opções: ou o passeio de barco pelo rio Spree ou com a subida ao Reichstag. Porquê? Porque num ou noutro caso vão poder ficar com uma ideia geral da geografia da cidade e identificar os principais pontos a visitar;

- O passeio de barco custa 15€ e dura mais ou menos uma hora, há um guia que vai relatando em inglês e alemão a historia dos edifícios por onde vamos passando e se estiver muito frio é uma boa forma de dar um passeio no conforto do quentinho;

- A subida ao Reichstag é grátis e é espectacular! Podem fazer a inscrição online, o que eu recomendo vivamente, porque de outra forma vão ter de ficar numa fila bem demorada e entediante; 

- Se começarem o passeio pelo Tiergarten, podem aproveitar e dar uma volta pelo parque que é bem giro. Vão ver uma data de miúdos cheios de roupa e a caminhar tipo pinguins felizes da vida a brincar nos baloiços e nos jardins. Seguindo em direção à Coluna da Victória, cuja estátua (diz-se) está a acenar em direção a Paris podem depois atravessar toda a Avenida 17 de Junho e vão chegar à Brandenburger Tor. Neste ponto estão já na Pariser Platz e de um dos lados vão ter o Memorial do Holocausto e a Ópera de Berlim e do outro ao Reichstag;



- Não muito longe, podem encontrar a Zona de Potsdamer com o Check-Point Charlie e o Museu Topologia do Terror que é obrigatório para que saibamos um pouco mais do que foi a política Nazi, desde que começou a ganhar forma, até à sua destruição no final da 2ª Guerra Mundial;

- A ilha dos museus divide o Spree e é lá que vão encontrar o Pergamon, o Bode Museum, e o Berliner Dom (que é das coisas mais bonitas que eu já vi, fica com cores fantásticas quando o dia está com  boa uma luz e foi lá que tirei uma das minhas fotos preferidas de todos os tempos! Está aí em cima, algures no post);

- Na margem oposta ao Dom está a Alexander Platz onde temos a fonte de Neptuno, a Igreja de Santa Maria e a mais famosa antena de televisão do mundo, a Fernsehturm. Vale a pena atravessar pelo viaduto ao lado da estação de metro e sentir também um pouco daquele que é o verdadeiro ambiente da praça. Com o seu quê de mafioso e sombrio, vão ver (muito provavelmente) uma data de gente a volta de alguém que recolhe apostas para ver quem acerta em que copinho está escondida a bola. É desse outro lado da praça que podem ver o Relógio Mundial;

- Ao longo da Bernauer Strabe está o memorial ao Muro de Berlim: vão com tempo e calma... para olhar para toda a informação que lá está com "olhos de ver". É importante sentir um bocadinho do que terá sido aquele tempo e aquela realidade através das fotos e dos videos, dos relatos de tantos que viram morrer pessoas a quem queriam bem e que, por razões com muito pouco coração, se viram brutalmente apartados das duas famílias e daqueles que amavam. Quando terminarem a visita no Mauerpark, onde podem deambular pelas 1001 tralhas que lá  encontram à venda, no mais famoso Flea Market de Berlim;




- Fora da cidade, recomendo vivamente (sugestão do Ricardo Fernandes e de verdade que o sitio é imperdível!) irem até Potsdam que é uma cidade a meia hora de Berlim (de comboio), bem mais pequenina, mas super mimosa! É lá que vão encontrar o Sanssouci Park. Boa notícia: a visita ao parque é grátis, tem inúmeros jardins e palácios para explorar e apenas pagam bilhete para aqueles palácios onde queiram entrar. Uma coisa vos digo, só para dar a volta inteira ao parque e apreciar as fachadas vão precisar no mínimo de 2 a 3 horas! Se tiverem a sorte de apanhar um dia bonito até podem fazer um picnic nos jardins;

- E depois há ainda a Gedächtniskirche (igreja em homenagem ao imperador Wilhelm, que foi depois parcialmente destruída por bombardeamentos aquando na 2ª Guerra Mundial) ao redor da qual está uma das maiores zonas comerciais da cidade com lojas de marcas bem conhecidas e montras estonteantes, ou o  bairro de São Nicolau tão bonito e característico com as suas ruas pequenas e de comércio local com lojas enfeitadas de flores..

ONDE COMER


Vou deixar-vos só duas referências porque a dieta dos habitantes de Berlim está muito assente em cerveja, kebab e currywurst (salsicha!!!!), o que é preocupante para vegetarianos como eu.... mas a verdade é que em qualquer sitio que entrem há-de sempre existir uma opção veggie friendly e dá para desenrascar mais que bem.




- De qualquer forma, acabamos por descobrir um restaurante que parecia saído de um jornal de 1950, bem perto do nosso hostel e onde a comida e a decoração brotavam espirito soviético por todos os poros: o Volksammer. Comi uns panados de kohlrabi que é um vegetal que nem fazia ideia que existia!

- Já no Datscha, que nos foi apresentado pela Bea e pelo Sérgio, tive o um brunch de se lhe tirar o chapéu! E, by the way, se um dia for viver para Berlim, há-de ser neste bairro hipster, multiétnico e fora de série que é Kreuzberg

E pronto, o post já vai longo e eu ainda tinha para aqui mais umas cartas na manga... de qualquer forma não tenho a mais pequena dúvida de que estão roidinhos para ir visitar (ou revisitar) esta cidade: é ou não é verdade? 

#GoRitaGo
#TravelTheWorld 
#Berlim

Brandenburger T

Comentários

Descobre mais!

InterGoView { Take 11} - Sobre a volta ao Mundo com partida em Guimarães

Quem me lê com alguma regularidade já percebeu que eu acredito nas coisas boas da vida e de como, com empenho e determinação, podemos realizar a maior parte das nossas vontades (ou sonhos, como lhes prefiram chamar). Exemplo disso é a história do Neto e da Lili! Apetece-vos uma historia da volta ao Mundo dos tempos modernos: pois aqui está ela! Porque como disseram eles mesmos: " É sempre um prazer falar de viagens, em particular da nossa.  Era um sonho fazer uma viagem deste género, a nós também nos parecia um sonho difícil de realizar até termos dado os primeiros passos para o concretizar. Só temos esta vida, logo não dá para deixar para depois."

Secret Places! As maravilhas escondidas do Porto: hoje revelamos o Buuh! e etc

O Porto está a fervilhar de sítios novos e giros e cheiinho de turistas.  E por isso mesmo também, às vezes, sabe mesmo bem descobrir um cantinho ainda sossegado, onde se possa beber um café ou um copo de vinho, ler uma revista ou ficar apenas na (boa) conversa de amigos. Hoje vou mostrar-vos o Buuh! e etc, que fica mesmo aqui ao lado e que se tornou um dos meus locais preferidos.

Porto Secret Places & Um duplo piso com sabor à Bretanha

Cada vez me convenço mais que mesmo que a "movida" da Invicta me deslumbre, o que me encanta verdadeiramente ainda são aqueles espaços onde se juntam três factores "de luxo": boa comida, boa bebida e q.b. de sossego. Talvez por isso tenha ficado tão bem impressionada com o  Le Gwenn Ha Du : os crepes são maravilhosos, a cidra é do mais original que se pode querer e consegue-se aquela raridade que é ter uma refeição acompanhada de uma boa conversa - sem multidões, sem salas com mais de 40 pessoas, num ambiente acolhedor e típico.