Macrobiótico, uma palavra difícil para um conceito afinal tão simples: viver bem, de acordo com a essência do Mundo.
Por vezes é curioso as voltas que a vida dá para pôr algumas pessoas no nosso caminho. Foi assim com a Lili! Que chegou até mim através da Rita, que me foi trazida pelo Davide, que apareceu um dia com a Susana, que conheci na Fep quando o destino me trouxe para esta linda cidade que é o Porto.
A entrevista de Janeiro surge depois do maravilhoso workshop que fizemos com a Lili, em casa da Eli e do João, amigos queridos que estão sempre prontos a deixar-nos invadir o spot mais cool da Rua Mouzinho da Silveira.
Espero que gostem, que se inspirem e que tenham vontade e curiosidade de aprender a comer melhor, respeitando o corpo e a natureza.
E já agora, não se esqueçam de seguir o projecto da Lili no Facebook e no Instagram.
1 - Olá Lili! Assim que entramos na tua página no instagram há uma frase que se destaca: "follow your heart and connect with your essence". Queres contar-nos um bocadinho sobre a tua história e de como chegaste à cozinha macrobiótica?
A minha curiosidade despertou quando comprei “O Livro de Cozinha da Marta”, em 2017, que além de receitas, tem também informação sobre os princípios básicos da macrobiótica. Parecia fazer-me sentido e tive vontade de aprender mais.
Iniciei formação no Instituto Macrobiótico de Portugal e a partir daí comecei a implementar mudanças na minha alimentação. Encontrei na culinária uma terapia. Fui sentido alterações a nível físico, mas também a nível mental e espiritual. As transformações foram acontecendo. Se por um lado sinto mais energia, por outro fui-me permitindo ter tempo para parar, encaixando nas rotinas a meditação e o yoga.
Neste processo de conexão comigo e com a minha essência, tento deixar a vida fluir e seguir a minha intuição, ouvir o coração e perceber onde sou mais feliz. Vou tentando respeitar os ritmos do meu mundo interior, num mundo exterior que tem pressa de acontecer. Acredito que quando nos conectamos com a nossa essência, atraímos energias que vibram na mesma sintonia. Através da macrobiótica tenho encontrado uma bússola que me guia na direção de pessoas que me inspiram e de momentos que me enchem o coração.
2 - Vamos imaginar... ou se calhar nem é preciso imaginar muitooo :) que a maior parte das pessoas que nos lêem não sabem nada de macrobiótica: linhas gerais, qual a filosofia que está por trás deste estilo de vida?
A macrobiótica é uma filosofia e estilo de vida que tem como objetivo o desenvolvimento do potencial humano. Alcançar bem-estar físico, mental e espiritual e estar em equilíbrio, respeitando as necessidades do nosso organismo e respeitando o ambiente. Viver de um modo sustentável, em que a alimentação deve respeitar as características, o estilo de vida e a condição de saúde de cada pessoa. A alimentação deve adaptar-se ao clima, por isso devemos consumir produtos locais e da época, respeitando os ciclos de cada estação do ano.
3 - No teu processo de descoberta e adaptação à cozinha macrobiótica, onde procuraste informação e formação? O que recomendas a quem seja curioso e também queira aprender mais?
Quando comecei a experimentar ingredientes que eram uma novidade para mim (como o miso, por exemplo), senti necessidade de perceber qual o paladar que a comida deveria ter. Fiquei com vontade de conhecer mais e inscrevi-me num workshop com a Marta Horta Varatojo, em Leiria.
Frequentei workshops e fiz o Curso Anual de Culinária Macrobiótica, no Instituto Macrobiótico de Portugal, em Leiria. Em Setembro de 2019 iniciei o Curso de Macrobiótica, no Instituto Macrobiótico de Portugal, onde existem cursos breves, cursos anuais e workshops que recomendo. Mas também já existem projetos, um pouco por todo o país, de pessoas com conhecimentos e experiência, que promovem workshops e outras iniciativas que permitem conhecer melhor a macrobiótica.
4 - Para muita gente a macrobiótica está associada ao vegetarianismo: é mesmo assim? ou nem por isso? De certeza que fizeste bastantes mudanças na tua alimentação: houve alguma coisa (ou várias) que tenhas eliminado da tua dieta e que te tenha custado mais? Se sim, porquê?
O vegetarianismo exclui os produtos animais, enquanto a pirâmide alimentar da macrobiótica engloba todos os grupos alimentares. A macrobiótica privilegia o consumo de cereais integrais, leguminosas, vegetais e fermentados, mas consumo de produtos de origem animal, pode ser aceite, dependendo da condição de cada pessoa. Outra diferença relativamente ao vegetarianismo é que na macrobiótica os alimentos devem ser escolhidos de acordo com a sua qualidade energética (yin / yang) de forma a obter um equilíbrio dinâmico.
As mudanças que fui fazendo foram graduais e optei por excluir totalmente a carne, porque fui reduzindo o consumo e comecei a sentir que quando comia carne demorava muito tempo a fazer a digestão. Embora também tenham contribuído para esta decisão factores ecológicos. Relativamente aos laticínios nunca gostei muito de leite, nem de queijo, por isso não foi difícil reduzir. Pontualmente, lá como uma piza com queijo. ;)
Uma das mudanças significativas que fiz foi deixar de usar tomate, que não é recomendável, por ser da família das solanáceas. Assim como a batata, a beringela e o pimento. Contêm solanina, que tem um efeito tóxico no nosso organismo. O açúcar também não é recomendado, e achei que seria muito difícil deixar de comer doces. Mas consegui facilmente encontrar alternativas doces, sem açúcar, usando a geleia de arroz, por exemplo.
Este projeto nasceu da vontade de partilhar experiências relacionadas com Macrobiótica, abordando temas como alimentação, ecologia e sustentabilidade, embora até ao momento o apelo maior tenha sido a culinária. Ainda está numa fase muito inicial, mas permite-me conjugar duas paixões: cozinhar e fotografar, nelas reencontrei o apelo à criatividade. No fundo sinto que a macrobiótica tem tido um efeito transformador em mim, na forma de me alimentar, mas também na forma de sentir, de agir e de estar na vida. Tem sido tão bom, que merece ser partilhado, é isso que quero transmitir com o projecto “Macro Love”. Além disso, a macrobiótica tem me trazido uma realização tal que pretendo que seja um projeto profissional.
6 - Finalmente, a "cereja no topo do bolo": sei que deve ser muito difícil escolher, mas tens assim algum prato/receita preferida e que só de pensares já começas a salivar?
Lasanha é um prato que me agrada bastante. Sempre gostei e entretanto fui experimentando várias receitas vegan e fazendo adaptações. Não é um prato para consumo diário, mas em dias de festa é uma excelente opção.
#GoRitaGo
#Balance
#Veggie
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