Avançar para o conteúdo principal

InterGoView { Take 2 } - O Minimalismo: simplicidade e escolhas, com Inês Catarina Pinto





Estamos a caminhar a passos largos para o final do mês de Maio e se o prometido é devido, mais é ainda quando traz uma surpresa tão boa: para entrevista do mês desafiamos a Inês Catarina Pinto.

A Inês é autora do blog Minimal, criadora da revista Névoa Azul e a atual responsável pelo Manifesto. Tudo projectos fantásticos, que merecem muito ser acompanhados, que transmitem uma energia tão boa e que são orgulhosamente do Porto. 

O bom deste mundo virtual e da blogosfera é que temos a distância de um click a hipótese de nos cruzarmos com pessoas que acrescentam valor, extremamente competentes no que fazem e que são uma lufada de ar fresco nesta aldeia global saturada de ruído.

Venham daí conhecer um bocadinho do Minimalismo pela ótica da Inês.





Como surgiu o teu interresse pelo minimalismo, o que significa para ti e quais foram as mudanças que mais benefício te proporcionaram?

"O minimalismo para mim é algo quase natural. Mesmo antes de me ter cruzado com esse conceito já organizava o que me rodeava com base naquilo que era essencial para mim. Acho que posso dizer que o menos sempre me atraiu mais do que o mais. Mas a partir do momento em que descobri que havia um termo para aquele que eu defenda como o meu estilo de vida decidi explorar mais esse mundo. 

Acho que a maior diferença que senti foi a nível daquilo que comprava. À medida que me comecei a interessar mais sobre os métodos de produção daquilo que comprava, ganhei mais consciência dos meus hábitos de consumo e da forma como geria o meu tempo. Isso ajudou-me a ser mais exigente. 

Hoje prefiro apostar em marcas que vão de encontro aos meus valores do que comprar algo no calor do momento."



Que leituras, sites, documentários recomendas a quem queira saber mais sobre "ser minimalista”?

"A resposta óbvia teria de incluir os livros e o filme dos The Minimalists e o documentário True Cost, mas para mim o minimalismo vai além do conceito. 

Há um livro muito bom do escritor sueco Jonas Karlsson chamado “A Factura” que explora muito a ideia de simplicidade sem nunca precisarmos de ver escrita a palavra minimalismo. Sinto o mesmo em relação aos poemas da Kashyapi, à poesia despretensiosa da Sophia de Mello Breyner, os textos da Adília Lopes e o livro Utopia do Thomas More.

Filmes eu sugeriria a Princess Kaguya do Studio Ghibli, Mon Oncle de Jacques Tati e Frances Ha do realizador Noah Baumbach. 

Mais uma vez nenhum deles está intimamente ligado ao conceito minimalista, mas para mim não são precisas fórmulas, dicas e conselhos para se viver de forma mais significativa, basta apaixonarmo-nos pela simplicidade das coisas comuns."



A “Nevoazul" (tantos parabéns por tão bonito trabalho) é um projecto que reflete muito de ti, correto? Quais foram os principais desafios até à publicação desta 1' edição? O que vem a seguir?


"A Nevoazul mereceu todo o meu amor, por isso é inegável que muito daquilo que eu penso e acredito esteja retratado nas suas páginas. A minha ideia era criar uma revista onde as temáticas do minimalismo, do consumismo e da sustentabilidade se misturassem com a literatura, a cultura e a arte. Sinto que esta explicação da revista pode parecer um pouco confusa mas para mim essas temáticas são impossíveis de separar. Cada vez que vejo um filme, leio um livro ou observo uma pintura consigo perceber a crítica à sociedade de consumo ou o elogio à simplicidade. Talvez por isso esta revista seja algo tão pessoal.

A Nevoazul nº 2 vai ser lançada dia 27 de Maio, no Manifesto (localizado no Mercado de Matosinhos) e apesar de manter a mesma ideologia que a primeira fui mais exigente em termos de conteúdos e do design. Neste revista vão poder encontrar artigos mais desenvolvidos, um papel de melhor qualidade e colaborações com algumas das pessoas que mais admiro. A temática irá centrar-se na ideia de ruído. Porque falar em ruído é mais do que falar no barulho que nos incomoda ou no som que irrita o nosso ouvido. É a existência de algo que nos tenta distrair. Por vezes, este mar informativo parece que nos imerge, deixando-nos à deriva, em águas turvas, sem uma bússola para nos orientar. 

Mais do que um mapa, quero que a Nevoazul nº2 seja uma espécie de icebergue, um aglomerado de gelo, cujo topo, nos permite ver mais além."




Termino com um beijinho muito grande de agradecimento à Inês por ter prontamente aceite o meu convite! E a vocês deixo-vos o desafio de começarem a dar pequeninos passos no processo de "descomplicação" da Vida: leva tempo, alguns retrocessos, mas devagarinho e com mudanças pequeninas e fáceis começam a ver-se resultados fantásticos! E o que realmente importa ganha, na verdade, toda uma outra dimensão.

#GoRitaGo
#InterGoView
#Minimalismo

Comentários

Descobre mais!

InterGoView { Take 11} - Sobre a volta ao Mundo com partida em Guimarães

Quem me lê com alguma regularidade já percebeu que eu acredito nas coisas boas da vida e de como, com empenho e determinação, podemos realizar a maior parte das nossas vontades (ou sonhos, como lhes prefiram chamar). Exemplo disso é a história do Neto e da Lili! Apetece-vos uma historia da volta ao Mundo dos tempos modernos: pois aqui está ela! Porque como disseram eles mesmos: " É sempre um prazer falar de viagens, em particular da nossa.  Era um sonho fazer uma viagem deste género, a nós também nos parecia um sonho difícil de realizar até termos dado os primeiros passos para o concretizar. Só temos esta vida, logo não dá para deixar para depois."

Secret Places! As maravilhas escondidas do Porto: hoje revelamos o Buuh! e etc

O Porto está a fervilhar de sítios novos e giros e cheiinho de turistas.  E por isso mesmo também, às vezes, sabe mesmo bem descobrir um cantinho ainda sossegado, onde se possa beber um café ou um copo de vinho, ler uma revista ou ficar apenas na (boa) conversa de amigos. Hoje vou mostrar-vos o Buuh! e etc, que fica mesmo aqui ao lado e que se tornou um dos meus locais preferidos.

Porto Secret Places & Um duplo piso com sabor à Bretanha

Cada vez me convenço mais que mesmo que a "movida" da Invicta me deslumbre, o que me encanta verdadeiramente ainda são aqueles espaços onde se juntam três factores "de luxo": boa comida, boa bebida e q.b. de sossego. Talvez por isso tenha ficado tão bem impressionada com o  Le Gwenn Ha Du : os crepes são maravilhosos, a cidra é do mais original que se pode querer e consegue-se aquela raridade que é ter uma refeição acompanhada de uma boa conversa - sem multidões, sem salas com mais de 40 pessoas, num ambiente acolhedor e típico.